quarta-feira, 13 de abril de 2011

Láthatatlan Kiállítás

    No âmbito do Projecto Comenius fui a Budapeste, onde tive a oportunidade de participar numa ‘Invisible exhibition’ que consistia em andarmos por várias salas completamente às escuras com vários obstáculos, apenas sendo guiados por um cego.
Esta foi sem dúvida uma actividade muito diferente porque pude, em primeira mão, experimentar ser ‘cego’ por um tempo e por isso ter os meus outros sentidos ao máximo, utilizando o tacto e a audição para me guiar pela escuridão sem tentar cair ou partir nada.
    O guia David, que era um homem muito querido, transmitiu-me segurança e fez-me perceber que naquele momento não havia qualquer espécie de ‘muros’ levantados entre mim e ele porque estávamos os dois na mesma situação.
    Senti-me mal no momento em que a actividade acabou, porque quando saímos da sala eu sabia que iria ver novamente e, ao olhar para o nosso guia, fiquei incapaz de me sentir realizada por este feito, pois eu também sabia que ele nunca veria a minha cara, nunca entenderia a diferença física entre as pessoas de outras nacionalidades, nunca veria o olhar de admiração que estava estampado em todos nós.
    Fazer parte desta experiência mudou a minha vida, no sentido em que agora sei que não devo ter pena mas sim orgulho e admiração porque estas pessoas, que carregam consigo o peso que é ter uma deficiência, nunca cruzam os braços por mais dura e preconceituosa que seja a situação e enfrentam qualquer desafio que lhes seja proposto porque no final de tudo são humanos como nós, e, tal como nós, gostam de ter o seu momento em que partem para a aventura. Mudou a minha mentalidade, porque sei que quando pensar em desistir, dizer não consigo lembrar-me-ei do David e de todas as pessoas ‘diferentes’ mas corajosas que conheci.


 Inês Barroso

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